Eu tenho um sonho de que a igreja pare de ficar
correndo tanto atrás de bênçãos, como se a graça de Deus já não bastasse. Que o
espírito interesseiro fosse deixado de lado, pois há coisas mais importantes do
que a falsa riqueza do mundo.
Eu tenho um sonho de que as igrejas vivam mais na
prática do que na teoria. Que a igreja seja de verdade e não de mentira. Que as
obras sejam mais evidentes. Que o mesmo empenho da pregação seja usado para que
a igreja seja uma assídua praticante da palavra.
Eu tenho um sonho de que a igreja não viva tanto
para si mesma, mas que também busque acolher os necessitados. Seria prejuízo trocar um
dia de culto por uma visita ao hospital, ao presídio, a um asilo? Seria
prejuízo deixar de fazer um culto para alimentar os famintos? Ou por que não
fazer os dois simultaneamente?
Eu tenho um sonho de que os pastores e obreiros conheçam
as suas ovelhas de verdade, não apenas de vista, mas de perto. Que eles auxiliem no reconhecimento dos dons da igreja, para que estes sejam usados
para edificação e crescimento de todos. Que os pastores não se considerem
intocáveis ou inerrantes, mas que estejam a disposição não só para ouvir as
suas ovelhas, como também prontos para acompanhá-las e ajudá-las.
Eu tenho um sonho de que os membros tenham
liberdade de verdade para expor suas opiniões, dúvidas e sugestões. Mas também
que os mesmos respeitem e amem as suas lideranças, procurando serem mais
pró-ativos.
Eu tenho um sonho de que dentro das igrejas, os
próprios membros se conheçam. Que não haja divisão de grupinhos: jovens com
jovens, adultos com adultos, líderes com líderes. Mas que os jovens aprendam
com a experiência dos mais velhos, e os mais velhos com o vigor dos mais novos.
Que ao invés de haver divisão, haja união entre todos.
Eu tenho um sonho de que a igreja cumpra com seus
deveres sociais e espirituais. Que a igreja promova campanhas de ajuda ao
combate de drogas, que alimente os famintos, que cure os doentes, que levante
os abatidos, que busque não apenas os seus interesses, mas também os da
sociedade.
Eu tenho um sonho de que a igreja não viva uma falsa
paz, uma união de fachada, um amor fingido. Que o amor seja verdadeiro e permanente
entre os irmãos, onde todos são parceiros uns dos outros tanto na alegria
quanto na tristeza.
Eu tenho um sonho de que as igrejas sejam fortes o
bastante para vencerem e envergonharem o mal. Que sendo a luz brilhem, que sendo o
sal, salguem a terra. Que elas sejam irrepreensíveis diante de Deus e que busquem a
constante santificação. Que as igrejas permaneçam em pureza, como uma noiva virgem
esperando pelo seu noivo, Jesus Cristo.
Claro que nem todas as igrejas deixam de fazer a sua parte, mas convenhamos que a maioria delas está longe do ideal. Embora muitos deem a vida pela igreja, em todos os cantos do mundo de forma exemplar, a fim de que ela cresça e permaneça fiel a Cristo, há ainda muitas coisas para se melhorar, começando por mim. Pois de
nada adianta eu sonhar e não fazer a minha parte, e não correr atrás desse
ideal, e ficar calado. De nada adianta sonhar e não acreditar que isso
é possível. Mas assim como a igreja é um corpo, ainda que eu faça muito, serei
apenas um membro. Todavia, igreja é união; e união faz a força. E a fé é
poderosa, e colocada em prática, torna o impossível em realidade.
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